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Viagens antigas

Bem e foi assim que tudo começou, por isso um post com mais detalhes só pra demonstrar como fomos aprendendo…

Em 2003 nós decidimos que era precisávamos ir para algum lugar que falasse inglês para treinar o pouco que havíamos estudado desde 2001(na verdade a gente queria ver se ia sobreviver!). Na época os Estados Unidos era um país fora de cogitação, o índice de vistos negados era bastante grande e, além disso, o dólar beirava os três reais! A Inglaterra então nem pensar a libra equivalia a quase seis reais. Restavam poucas opções e por incrível que pareça nesta época a internet ainda não era muito desenvolvida aqui pelas bandas do Brasil, as passagens eram caras e o pessoal não viajava como acontece hoje em dia, ou seja, não existia muita informação e a pouca informação que existia era difícil de conseguir, outro aspecto que dificultava a pesquisa era que trabalhávamos o dia todo, fazíamos faculdade à noite e idiomas no final de semana (ufa)!

Por alguma razão encontramos a Nova Zelândia que não era tão badalada na época e parecia um sonho muito distante. Começamos a pesquisar, existiam alguns sites e blogs e concluímos que pelo câmbio favorável (na época quase 2 por um, mas era o mais favorável) o custo de vida não muito alto, a segurança, e é claro o inglês.

Começamos então nossa pesquisa, já havíamos decidido que ficaríamos um mês e que teríamos que ir em Julho de 2004 pois era a época de férias na faculdade. Neste meio tempo criamos um blog (que era do Terra e acabou saindo do ar) e íamos alimentando nossas expectativas e dados sobre a viagem. Estávamos preocupados com o inglês é claro, mas a passagem era o que mais nos preocupava. Na época nós conseguimos comprar uma passagem como “estudantes” e pagamos R$3.090,00 em dez vezes! Bem como eu disse anteriormente, na época não se viajava tanto quanto hoje o que elevava o preço das passagens, o dólar não ajudava e esse preço ainda foi com essa tarifa diferenciada. Eu (Tatiane) que tinha um carro, vendi e usei na viagem.

O dia da compra da passagem foi um dos mais ansiosos e um dos mais felizes de nossa vida, a gente ficou muito orgulhosos do que tinha acabado de fazer! Tiramos o passaporte (o que também nos deixou bastante felizes) e começamos a buscar hospedagem, transporte, saber sobre a comida. O grande detalhe era: eu (Tatiane) tinha andado de avião umas duas vezes e morrido de medo e nós jamais havíamos enfrentado “inglês de verdade”. Tivemos professores ótimos, mas a falta de tempo, pois fazíamos espanhol, faculdade e trabalhávamos não nos permitia praticar.

Mas e a, o tempo foi passando, fomos nos preparando, mas primeira viagem internacional ninguém está 100% preparado. O falecido ICQ (que existia antes do falecido MSN) nos ajudou a encontrar alguns amigos na Nova Zelândia, pois nós queríamos, pelo menos, conhecer alguém de lá, encontramos nosso bom amigo Yaman (sírio e muçulmano) e que mantemos ótimo contato até hoje, nosso amigo Stevo (que a segunda vez nos hospedou em sua casa) e mais alguns amigos que visitamos e outros que não foi possível encontrar.

Nesta época também (as coisas mudaram muito de dez anos para cá) essa viagem era feita por uma rota que não existe mais e por uma companhia bem duvidosa: Aerolíneas Argentinas. Pois bem, a passagem era: São Paulo (Guarulhos)/ Guarulhos/Buenos Aires e de lá 17 horas, isso mesmo, o voo mais longo da face da terra direto para a Nova Zelândia. No dia da viagem. Nos faltava também muito da malandragem que temos hoje em dia, e pra complentar o tormento dessa viagem tão longa fomos de Curitiba para São Paulo de ônibus (a passagem de avião também não era barata na época).

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Saímos de Curitiba e depois de 6 longas horas chegamos em São Paulo, esperamos ansiosos por nosso voo e lá fomos nós na linda e segura Aerolíneas Argentinas. Chegando em Buenos Aires é que realmente começaria a viagem e só de pensar que eu mal havia andado de avião e que esse voo duraria 17 horas até hoje me impressiona. O detalhe adicional que deixa a viagem ainda mais leve é que esse avião não tinha TV individual (a gente brinca que até fumar dentro do avião podia…haha) e durante as 17 intermináveis horas de voo nós tivemos 2 filmes principais à disposição (rodando 100% do tempo) cujos nomes eu (Tatiane) lembro e odeio até hoje: The Cat in the Hat e Laws of Attraction. A única vantagem é que você podia dormir no meio do filme e depois acordar 6 horas depois e pegar o restante pois eles eram randômicos.

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A viagem se dividia em dormir, comer, (tentar) assistir, dormir, comer, assistir, dormir, assistir e depois dessa sequência ainda faltavam ainda UMAS SETE INTERMINÁVEIS horas! Acho que tivemos umas três refeições completas, jantar, café da manhã e almoço bem como pequenos lanches e água. Pra nós, na época, foi tudo maravilhoso, pois como nunca havíamos nem imaginado fazer uma viagem dessa e nem que isso seria possível então qualquer coisa servia.

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Como também estávamos na flor da idade, e como já disse, sem experiência nenhuma não nos preocupamos muito em levantar, fazer exercícios para circulação ou tomar mais água para evitar o inchaço. Pois bem, quando chegamos em Auckland, não podíamos nem acreditar, mas o pior era que estávamos tão inchados que nossas mãos nem fechavam devido ao inchaço de nossos dedos, tudo doía e pior, estávamos perdidos no tempo. O que acontece é que saímos daqui dia 02 de Julho (durante a manhã) e chegamos lá dia 04 durante a madrugada. Mas o que aconteceu com o dia 03, bem viajamos MUITAS horas e, além disso, a Nova Zelândia nesta época do ano tinha 15 horas a mais que o Brasil, fora o fato de no avião termos passado por essa maratona de comida, sono e os mesmos dois filmes nos deixou muito cansados!

Conseguimos chegar na área de imigração, ganhamos uma samambaia (carimbo do visto neozelandês) e fomos pegar o shuttle uma espécie de ônibus que havíamos pesquisado e que nos levaria até o hostel que havíamos reservado. Ao chegar no albergue já estava quase amanhecendo era necessário que ficássemos acordados para tentar nos acostumar ao fuso. Estávamos mortos, tudo parecia estranho, o inglês não era nem de longe o que a gente esperava e o dia estava frio e chuvoso!

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Andamos pelo centro da cidade, comemos um pouco e neste mesmo interminável dia encontramos nosso tão querido amigo Yaman, entregamos a ele uma camisa do Brasil e fomos para Waiheke Island, um lugar bem bonito, mas estava tão frio e estávamos tão cansados que pedimos para logo voltar.

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Este dia foi possivelmente o mais longo de nossas vidas, chegamos no albergue, em nossos quartos coletivos e separados, tomamos banho e às cinco horas da tarde, em meio a várias pessoas alegremente conversando nos dois quartos nós dormimos direto (sem janta e sem acordar) até as oito horas da manhã do dia seguinte.

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